segunda-feira, 27 de maio de 2013

Hóspede indesejado

A tristeza bateu na porta do meu coração, abri e deixei-a entrar, e logo ela se instalou, mas como poderia negar? O amor que antes vivia, há muito tempo se foi, viajou sem destino certo e nunca mais voltou. Agora que a tristeza reside em minha morada, como abrir mão da única coisa que me restou? Eu me pergunto, quando foi que de um simples visitante ela virou hospede em minha casa? Penso melhor e não consigo lembrar em que momento ela veio me visitar, quem abriu a porta senão eu?  Mas quando abri esta porta?  Parece que ela sempre esteve lá. Ah! O amor, quando foi mesmo que me abandonaste?  Saíste porta a fora decidido que aqui não mais residiria, que não mais me visitaria, que não mais existiria... Mas quando exatamente isso aconteceu? Sinto como se fosse eu que o tivesse mandado embora, mas por que eu faria isso? Eu amava tanto o meu amor... Tristeza sai já daqui, pois não me pertences mais e muito menos eu a ti, mas a tristeza continua aqui, por quê? Às vezes penso que estou sozinho, mas a minha tristeza não me deixa só, faz questão de me lembrar que comigo esteve, estás e estarás. Que Companhia indesejada que eu não consigo me livrar. Oh amor por onde andarás? Que caminhos têm tomado? Que escolhas tem feito? E então eu lembro, que foi o amor que me machucou e que fui eu que o machuquei, que ele me abandonou e que eu o abandonei. Lembro que quando eu estive sozinho, foi a tristeza que me amparou, segurou-me forte e então gritou : estás morto o sentimento pelo qual zelou.


4 comentários:

  1. É preciso adquirir uma riqueza de experiências para um aprimoramento pessoal e espiritual,inclusive experiencias como a citada nesse texto ótimo. Ele me fez refletir muito a respeito dessa questão e estou adorando. Quero mais !

    ResponderExcluir
  2. Só para falar o digo; Existem palavras que pinçam com extrema precisão evidenciando o contexto como se ela levasse ao alcance dos olhos na nitidez à fina artéria que se irriga um tumor, por exemplo, se benigno é tumor, se maligno pra que o sustes? Não pertence ao corpo! E em meio ás entranhas da literatura a verdade corrobora ao livre-arbítrio humano da expressão composta que persiste ao meio mesmo no desvendar da ignorância.


    Em breve nas livrarias de R. S. Pimenta "Quem tem livre-arbítrio?"

    ResponderExcluir
  3. Sabe, a experiência da solidão pode ser uma das mais dolorosas mas também a mais reveladora na questão do auto conhecimento. É quando estamos sós, tristes, sofrendo, é que obtemos experiências para nossa evolução. Gostei muito do seu texto, por revelar uma grande sensibilidade sua, tanto literária como humana.
    E como dizia alguém que eu não lembro: "A solidão é a única que não nos abandona; aprendamos a conviver com ela, pois quem não consegue viver só, está em mal companhia!".
    Um abraço e continue produzindo!!
    Cris Beomd

    ResponderExcluir
  4. Muito bom texto cara, faz refletir e sentir. E é mais do que um texto bem escrito, é a expressão de um sentimento que te habita e que de alguma forma, habita todos nós também. A tristeza é, muitas vezes, a companhia que nos resta quando nenhuma outra ficou, mas eu acho que deve sempre ser uma companhia temporária, que fique tempo o suficiente para que consigamos adquirir uma visão um pouco diferente das coisas, e então seguir em frente.

    ResponderExcluir